sábado, 1 de outubro de 2016

Rebentos e Brotos: Energia viva



Um rebento é energia pura. Contém todos os elementos necessários para gerar vida pois é constitui a transição entre a fase de semente e a fase de planta. E está ao nosso alcance produzi-las para assegurar que além de um alimento completo e saudável, é gerado sem o recurso a produtos químicos ou auxiliares de crescimento.... Mas já lá vamos.

Porque são os rebentos, também designados por brotos, considerados tão importantes?
Se pensarmos que a germinação de uma semente pode ser comparada a uma explosão de vida, então pode concluir-se sobre a existência de muitos nutrientes, os que numa primeira fase seriam o alimento da plantinha... por exemplo, enquanto que numa semente praticamente não existe vitamina C, na fase de germinado esta vitamina surge em quantidade muito abundante. Aliás, a riqueza nutricional dos germinados é precisamente em termos de vitamina C, vitamina A, vitaminas do complexo B, vitamina E, algum ferro e enzimas e proteínas.
E tudo isto com baixo valor calórico, ideal para quem faz restrição de calorias.
O processo de germinação tem também a vantagem de tornar os nutrientes mais digeríveis, pelo que os rebentos causam menos distúrbios digestivos do que os grãos que lhe deram origem. 

Que tipos de rebentos existem?
Quase todas as sementes podem ser germinadas, embora deva ser tomada alguma cautela pois algumas podem originar substâncias tóxicas no processo de germinação. É o caso de, por exemplo, batatas, beringelas, tomates, pimentos e alguns feijões. De um modo geral, os rebentos que são cultivados mais frequentemente são:

  •  família das leguminosas: feijão mung ou soja verde (os famosos "rebentos de soja", feno grego (que
    tem um cheiro maravilhoso), grão seco, feijão branco seco, ervilha seca, feijão azuki seco, lentilhas secas,  alfafa, e trigo sarraceno (ou trigo mourisco). Em algumas leguminosas, os rebentos ficam mais apresentáveis se retirar a casca depois da germinação (ex: feijão mung ou soja verde, na imagem ao lado).
  •  família das crucíferas: agrião, nabo, couve, rábano, mostarda. Estes germinados funcionam bem como condimento, consumido em pequenas quantidades. O sabor pode ser picante por isso deve ser utilizado com alguma moderação para paladares mais apurados.
  • família dos cereais: aveia, cevada, centeio, milho, trigo, arroz integral. 
  • família das oleaginosas: amêndoas, sementes de sésamo, sementes de girassol, sementes de abóbora. No caso do girassol, as cascas das sementes devem ser retiradas após a germinação. As sementes de abóbora são germinadas sem casca e podem ser consumidas 24 horas após o início da germinação, quando estão inchadas. 

Nunca é demais alertar para a necessidade de se germinarem apenas sementes de qualidade garantida, o que pode ser assegurado pela compra de sementes próprias para alimentação, em lojas da especialidade. Nunca germinar sementes de compra que se destinem a ser semeadas pois podem ter sido submetidas a conservação e/ou tratamento químico o que pode constituir um risco para a saúde.

Finalmente, chegamos à questão principal... e como se cultivam rebentos?
Muito fácil. Ora vejamos, numa primeira fase é necessário hidratar a semente pelo que se deve deixar de molho umas horas, que podem ir de algumas horas a cerca de 12 horas para o caso das sementes maiores. Depois basta mantê-las humedecidas durante o processo de germinação, que pode ser executado num apetrecho próprio (eu uso um germinador de barro) ou improvisado... se o processo de germinação ocorrer sem luz os rebentos serão mais clarinhos enquanto que se o processo ocorrer com a presença de luz solar os rebentos apresentarão uma cor esverdeada que é promovida pela formação da clorofila da planta que afinal vai assegurar a sua sobrevivência futura...

 O processo é simples, sendo imprescindível a boa higiene de todos os utensílios utilizados e a qualidade da água utilizada para assegurar que não se desenvolvem microorganismos prejudiciais oportunistas. De um modo geral, é aconselhável o enxaguamento das sementes em germinação de 12 em 12 horas com água corrente para retirar eventuais microorganismos que se possam ter fixado aos germinados, assegurando deste modo, também, que a humidade se mantém em níveis adequados.

 O tempo de germinação depende do tamanho da semente, da temperatura, da humidade ... e do gosto de cada um. Há sementes que adquirem um sabor amargo quando estão muito tempo a germinar. Por outro lado, se ficarem muito tempo a germinar os rebentos adquirem pequenas folhas. Há quem goste e há quem não goste. Mas isso é facilmente ajustável a cada gosto. A tabela seguinte é meramente indicativa:





Para terminar.... E como se consomem? Bom, aqui a resposta não é fácil porque pode ter uma infinidade de possibilidades. Eu recomendo salteados, acompanhados por cogumelos (o que por si só já é uma refeição completa, sem necessidade de carne) ou por exemplo numa omolete. Mas também ficam ótimos a acompanhar um hamburguer ou num cachorro porque lhes proprcionam uma crocância fabulosa. 

Todas as formas de consumo são aconselhadas, embora seja importante não esquecer que os rebentos são alimentos vivos e como tal, se foram muito cozinhados perdem-se algumas propriedades nutritivas. 
Depois é dar asas à imaginação.... há quem refira serem ótimos em sopas, cozidos a vapor, bebidas ou patês vegetais, e um sem número de possibilidades. 
Boas experiências! Experiências saudáveis acima de tudo!

sábado, 3 de setembro de 2016

Açucar & frutose

Nenhum açúcar é bom. Mas claramente há uns melhores que outros...mas o que mais me chocou recentemente foi o de perceber como funciona a frutose no nosso organismo. Penso que todos nós associamos frutose a algo de saudável... afinal, é algo que foi extraído da fruta!
Mas não é bem assim. Frutose não é, necessariamente, sinónimo de ser um açúcar saudável. É saudável se ingerida na sua forma natural, através do consumo de fruta (por exemplo), e desde que o consumo seja acompanhado das fibras que essa fruta tem. Por isso não é a mesma coisa consumir uma laranja ou beber um sumo de laranja pois a este último foram subtraídas as fibras que ajudariam na assimilação da frutose. A Natureza neste caso, disponibiliza um veneno (ou seja, a frutose) mas envolto no seu antídoto (as fibras da fruta).
Quando a frutose é processada industrialmente, a proveniência é essencialmente do milho, por isso muitas vezes aparece a designação de "xarope de milho" na lista de ingredientes. Mas pode aparecer sob a forma de tantas outras designações ... como: Glicose de Milho, Glucose de Milho, Isoglicose, Xarope de Glicose e Frutose, Xarope de Glicose-Frutose, Xarope de Glucose e Frutose, Xarope de Glucose-Frutose, Xarope de Milho, Xarope de Milho com Alto Teor de Frutos.
Mas então, se é prejudicial à saúde, porquê a utilização da frutose pela indústria? A resposta é simples... é muito mais barato utilizar o xarope de milho do que a sacarose (açúcar comum) a qual se decompõe naturalmente no único açúcar que o nosso cérebro reconhece como fonte de energia: a glucose. Todas as nossas células funcionam com recurso à glucose. Ou seja, quando ingerimos glicose, o cérebro recebe mensagem de que estamos a recuperar energia e ele próprio regula a nossa saciedade. Já com a frutose, o cérebro não a considera fonte de energia e por muito que possamos ingeri-la, o cérebro nunca se apercebe de estarmos saciados. Ou seja, podemos ingerir uma grande quantidade de açucar e o cérebro ainda assim estar a reclamar por falta de energia... e é assim que facilmente se adquirem uns quilinhos extra... E são tantos os produtos que a contêm: ketchup, refrigerantes, bebidas energéticas, cereais, biscoitos, sorvetes, pão.... alguns deles, que pomos na mesa para alimentarmos as nossas crianças, convencidos que são produtos naturais... afinal, têm até um açúcar que provém da fruta!!!

Não devemos esquecer que o nosso sistema digestivo emite sinal ao cérebro para parar o repasto quando considera que já ingerimos as calorias necessárias. Para isso, é preciso que o cérebro reconheça que estamos efetivamente a consumir calorias (para ele, as calorias da frutose passam despercebidas... são invisíveis). Mas enquanto este açucar é invisível para o cérebro, não o é para o fígado que o metaboliza... por processos idênticos aos do metabolismo do álcool. A única diferença é que o cérebro reconhece o álcool e sentimos o efeito desse metabolismo.

Além do mais, é preciso tempo.. por isso os nutricionistas recomendam que se coma devagar, assegurando assim que a informação chega ao cérebro e que ele transmita a mensagem: "ok, chega de te empanturrares. Pede a conta e sai do restaurante!".

Não posso ainda deixar de referir que fiquei chocada ao saber que os produtos light, aos quais foram retiradas ou reduzidas as gorduras, para que possam ser agradáveis ao nosso palato, foram enriquecidas com alguns destes açucares.... o que não ajuda nada a quem pensa que consumir light é sinónimo de perda de peso... 
Todos os dias somos envenenados... mas docemente! 














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mais informação: 

https://www.youtube.com/watch?v=oRzFmxhZkQ0
https://www.youtube.com/watch?v=5FNIPlNMNpQ