Não sou vegetariana. Mas até poderia ser. Concordo plenamente com a filosofia. Optei por ser omnívora mas tento ser uma omnívora responsável. Tenho que admitir que cada vez mais somos consumidores intensivos de carne. Ou de peixe. Em suma... consumidores de animais! E isso é que não está certo. O facto é que nos dias de hoje se consume mais carne numa semana do que a que os nossos avós consumia num ano inteiro!
E basta pensar que a indústria segue a nossa vontade. Á risca. Se queremos todos carne de frango...
então produza-se muita carne de frango. E depressa. Não interessa se para isso é necessário alimentar galinhas com rações à base de restos animais (passando estas também a ser carnívoras quando na verdade na natureza elas se alimentariam de vegetais) e não interessa se são mantidas à custa de hormonas e antibióticos a ponto de nos tornarmos todos imunes a antibióticos... não interessa.
E muito menos estarão ralados com o facto destas galinhas se tornarem canibais (sim, acabam por literalmente se atacarem umas às outras) ... para isso, cortam-se os bicos e já agora as asas para não tentarem vor que perturbaria o "sossego" das outras galinhas. Enfim, nada disto nos interessa. Até porque esta informação não nos chega. Está comprovado que se cada um de nós tivesse que abater animais para a sua própria alimentação, provavelmente muitos dispensariam o consumo de carne...
Optei por falar nas galinhas mas poderia por exemplo falar no peixe... por cada porção de pescado do nosso agrado, há muitas espécies que são capturadas inadvertidamente e que são simplesmente descartadas. E com isto, estamos simplesmente a esgotar a diversidade de espécies marinhas. E para muito do peixe que é colocado à venda ser simplesmente para nos impressionar... há estabelecimentos comerciais que adquirem espécies e as colocam nas vitrinas apenas para nos satisfazer o olhar... pois na verdade a nossa escolha recai sempre sobre as mesmas 8 ou 9 espécies de peixe.
E poderia ainda referir a produção de porcos que são animais que se apercebem do destino que lhes está traçado e que sofrem imenso com isso (muitos morrem de ataque cardíaco durante o encaminhamento para o matadouro ou na viagem). E quem nunca viu as condições em que são transportados estrada fora?
Bom, então o que fazer? Será correto abolir completamente a carne da alimentação? Sim, é. Também está mais do que comprovado que uma alimentação vegetariana pode ser muito nutritiva e acima de tudo, sabe-se que é extremamente saudável. Mas para isso é preciso querer-se. Um vegetariano é alguém de espírito forte e acima de tudo, uma pessoa de convicções. Nem todos estamos motivados para isso e nem todos estamos assim convictos.
Por isso, enquanto a decisão não é tomada, pelo menos sejamos omnívoros responsáveis. Toda a gente sabe que o segredo de uma alimentação equilibrada passa por variar a alimentação. Se refletirmos sobre a forma como a raça humana sobreviveu durante séculos, facilmente chegamos à conclusão que (quando éramos caçadores-colectores) comer carne (ou peixe) era verdadeiramente algo especial pois requeria muito dispêndio de energia e tempo pela escassez de oferta desses alimentos... era preciso ser-se bem sucedido na caça! E bem sucedido na pesca! O que, invariavelmente, levava a grande dispêndio de energia pelo que o banquete seria facilmente digerido e servia para compensar as maratonas que tinham antecedido o jantar... ou seja, para compensar as calorias perdidas na aquisição da refeição.
Hoje é diferente. Basta abrir a porta de um qualquer frigorífico para se aceder facilmente a este tipo de proteínas.
Em segundo plano, ficam os alimentos que também têm proteínas mas que são de origem vegetal. São eles: os feijões, os bróculos, grão de bico, tofu, sementes de cânhamo, leite de soja, aveia, quinoa, sementes de girassol, sementes de chia, soja. E fica a dica: precisamos de ingerir, por dia, 1 grama de proteína por cada Kg de peso corporal.
Nesta senda, descobri recentemente um substituto fantástico de carne. E preparado em casa: o SEITAN. Eu preparo e guardo no congelador já partido segundo a utilização que lhe quero dar: ou em cubos para por exemplo uma jardineira ou em fatias para por exemplo substituir um bife. É muito saciante e acima de tudo... sem proteína vegetal. Sempre ouvi falar do seitan mas sempre o considerei um substituto caro e acima de tudo muito industrializado. E isso não me agradou. Nunca considerei como opção. Recentemente cruzei-me com a receita e ... é um alimento que nunca falta no meu congelador! O Seitan não pode ser consumido por pessoas com intolerância ao glúten nem
com doença celíaca, mas é óptimo para diabéticos.
com doença celíaca, mas é óptimo para diabéticos.
Ralar 100g de miolo de noz.
Adicionar 2 dentes de alho, 150g de cebola, 20g de molho de soja, 1 colher de chá de sal. Triturar bem.
Adicionar 300 g de água e envolver tudo.
Adicionar 350 g de farinha de glúten. Envolver tudo muito bem.
Moldar um rolo e cozer em banho maria ou a vapor.
Mais ou menos após 40 minutos retirar, deixar arrefecer e fatiar ou cortar em cubos.
Esta receita rende imenso!