segunda-feira, 27 de julho de 2015

Ómega-3 vs Ómega-6

Quem de nós nunca ouviu falar dos benefícios do Ómega-3 e Ómega-6? Sabemos que são “coisas” benéficas para a saúde  e aposto que associaram imediatamente a … peixe! Melhor, a salmão ou sardinha ou qualquer outro peixe “gordo”. Bom, mas isso é só meia verdade. Vejamos:

Primeiro que tudo, há que referir que ambos se tratam de aminoácidos, ditos "essenciais" porque não os produzimos e por isso temos que os importar... através da alimentação.
Por um lado, o Ómega-3 encontra-se no peixe mas isso porque eles o obtêm através da alimentação a partir de plantas verdes… as algas! Mas não são apenas as algas que os produzem… este é um aspeto comum a todas as plantas verdes.  Na verdade estes aminoácidos ajudam as plantas a absorver a luz. É reconhecido atualmente um papel muito importante por parte dos ácidos gordos Ómega-3 ao nível do desenvolvimento e do processamento neurológico, ao nível da acuidade visual e ao nível da permeabilidade das paredes celulares, metabolismo da glicose e no alívio de inflamações. No ser humano, este constituinte encontra-se em mais elevada concentração nos tecidos do olho e cérebro.
Por outro lado, o Ómega-6 é encontrado em grande quantidade nas sementes, uma vez que funciona como depósito de energia, essencial para a posterior germinação da planta.Ao nível do nosso organismo, o Ómega-6 tem uma ação semelhante: exerce a sua função ao nível do armazenamento de gordura, permite conferir rigidez às paredes das células, facilita a coagulação e a resposta a inflamações.


Tomando a comparação que Michael Pollan(*) efetuou deste dois aminoácidos pode-se imaginar os  Ómega-3 como “rápidos e flexíveis” e os Ómega-6 como “pesados e lentos”.

O equilíbrio nas células entre estes dois aminoácidos é bastante relevante e pode ser tão prejudicial a falta de Ómega-3 como o excesso de Ómega-6. E neste facto é necessário ter ciente que a nossa alimentação se encontra muito mais enriquecida com Ómega-6 do que com Ómega-3. Repare-se que consumimos muito mais sementes do que folhas…e se repararmos bem, os animais de que nos alimentamos também consomem muito mais sementes do que folhas.
A dificultar o equilíbrio há ainda que considerar que muitos dos vegetais que são mais ricos em Ómega-3 são também muito perecíveis, o que diminui o interesse comercial e por isso raramente os vemos em superfícies comerciais ou se os encontramos estão já em condições pouco apetecíveis e ... lá tornamos a trazer para casa o mesmo tipo de vegetais, limitando a dieta a uma pobre meia dúzia de opções...
Como remate final, para reforço do Ómega-3 é pois benéfico o consumo de peixe gordo mas que tenha sido alimentado com  algas, o que limita a escolha a peixe no estado selvagem (é o que se encontra nas peixarias com a referência a tipo de pesca por captura). 

Por outro lado, e mais recomendável ainda é reforçar o consumo de plantas de folha verde. E em especial as que maior teor de Ómega-3 apresentem, como é o caso da beldroega, tema já anteriormente por aqui discutido anteriormente...
E por agora fico por aqui, esperando ter explicado as diferenças que afinal existem entre os Ómegas...
Até breve!






(*) "Em defesa da comida", Michael Pollan (2008)

Sem comentários: