terça-feira, 8 de dezembro de 2015

Côdeas também são.... bolo!

Como já referi anteriormente, o nosso pão é feito em casa desde há cerca de 5 anos. Foi um hábito que se entranhou e já não abdicamos dele. 





Mas o pão feito na máquina (como todo o outro) vem com côdea que depois de fria fica mais difícil de consumir... por isso, retira-se o excedente (dos topos) e guarda-se. 
As côdeas

E quando já existe uma quantidade simpática, torra-se e tritura-se bem de forma a fazer pão ralado. Este pão ralado pode consumir-se como tal ou então ser utilizado em substituição da farinha num delicioso bolo... que fica com aspeto e sabor muito idêntico ao bolo de amêndoa.


E mais.... sem qualquer adição de gordura! Essencialmente: ovos, açúcar e pão ralado! 

Fica aqui a receita para quem quiser experimentar:
1 chávena (~300g) de pão ralado
4 ovos
250 g de açucar (experimentei com 150 g e ficou bom na mesma!)
1 c. chá de canela
1 c. chá vinho do porto

Bater as claras em castela. Num recipiente à parte bater bem o açúcar com os ovos e adicionar o pão ralado. Juntar a canela e o vinho do porto. Incorporar as claras em castela (sem misturar muito). Vai ao forno em forma untada a 175ºC. Desenformar, deixar arrefecer e está pronto para ser deliciado!!!
É uma forma fácil e ecológica de aproveitar do que menos se gosta...Até breve!

segunda-feira, 12 de outubro de 2015

Pão, meu rico pão...

Por cá faz-se o pão ... raramente se vai à padaria. É um pão rico, com sementes, mistura de farinhas, e muito amor... Não há nenhuma padaria com esta variedade de pão.
Mas.... às vezes lá nos esquecemos que é preciso fazer pão... e por "caturrice" ou simplesmente por preguiça não há vontade de ir à padaria. 
E a quem não aconteceu já o mesmo?

Pois bem, numa situação de emergência há que optar por soluções rápidas e para isso nada melhor que o "pão de frigideira". 
E fica com um ar tão apetitoso... E o cheirinho?.... maravilha!

Ora cá vai a receita:
Misturar 1,5 xícaras de farinha (estas são com Farinha Branca de Neve) com 0,5 xícara de água morna. Misturar bem até ficar homogéneo (facilita pôr a mão na massa mas não é imprescindível....).
Fazer 5 bolinhas (que serão 5 pãezinhos). Pegar numa dessas bolinhas e esticar até fazer um disco. Polvilhar com um pouco de sal. (Nesta fase pode-se juntar por exemplo orégãos ou cebolinho para um sabor diferente.) 
Amassar um bocadinho para misturar o sal e voltar a fazer um disco.
Colocar a assar numa frigideira antiaderente bem quente. Esperar que chie ou então que apresente as pintinhas mais escuras (como as da imagem). Está pronto! 
Bom apetite!

segunda-feira, 27 de julho de 2015

Ómega-3 vs Ómega-6

Quem de nós nunca ouviu falar dos benefícios do Ómega-3 e Ómega-6? Sabemos que são “coisas” benéficas para a saúde  e aposto que associaram imediatamente a … peixe! Melhor, a salmão ou sardinha ou qualquer outro peixe “gordo”. Bom, mas isso é só meia verdade. Vejamos:

Primeiro que tudo, há que referir que ambos se tratam de aminoácidos, ditos "essenciais" porque não os produzimos e por isso temos que os importar... através da alimentação.
Por um lado, o Ómega-3 encontra-se no peixe mas isso porque eles o obtêm através da alimentação a partir de plantas verdes… as algas! Mas não são apenas as algas que os produzem… este é um aspeto comum a todas as plantas verdes.  Na verdade estes aminoácidos ajudam as plantas a absorver a luz. É reconhecido atualmente um papel muito importante por parte dos ácidos gordos Ómega-3 ao nível do desenvolvimento e do processamento neurológico, ao nível da acuidade visual e ao nível da permeabilidade das paredes celulares, metabolismo da glicose e no alívio de inflamações. No ser humano, este constituinte encontra-se em mais elevada concentração nos tecidos do olho e cérebro.
Por outro lado, o Ómega-6 é encontrado em grande quantidade nas sementes, uma vez que funciona como depósito de energia, essencial para a posterior germinação da planta.Ao nível do nosso organismo, o Ómega-6 tem uma ação semelhante: exerce a sua função ao nível do armazenamento de gordura, permite conferir rigidez às paredes das células, facilita a coagulação e a resposta a inflamações.


Tomando a comparação que Michael Pollan(*) efetuou deste dois aminoácidos pode-se imaginar os  Ómega-3 como “rápidos e flexíveis” e os Ómega-6 como “pesados e lentos”.

O equilíbrio nas células entre estes dois aminoácidos é bastante relevante e pode ser tão prejudicial a falta de Ómega-3 como o excesso de Ómega-6. E neste facto é necessário ter ciente que a nossa alimentação se encontra muito mais enriquecida com Ómega-6 do que com Ómega-3. Repare-se que consumimos muito mais sementes do que folhas…e se repararmos bem, os animais de que nos alimentamos também consomem muito mais sementes do que folhas.
A dificultar o equilíbrio há ainda que considerar que muitos dos vegetais que são mais ricos em Ómega-3 são também muito perecíveis, o que diminui o interesse comercial e por isso raramente os vemos em superfícies comerciais ou se os encontramos estão já em condições pouco apetecíveis e ... lá tornamos a trazer para casa o mesmo tipo de vegetais, limitando a dieta a uma pobre meia dúzia de opções...
Como remate final, para reforço do Ómega-3 é pois benéfico o consumo de peixe gordo mas que tenha sido alimentado com  algas, o que limita a escolha a peixe no estado selvagem (é o que se encontra nas peixarias com a referência a tipo de pesca por captura). 

Por outro lado, e mais recomendável ainda é reforçar o consumo de plantas de folha verde. E em especial as que maior teor de Ómega-3 apresentem, como é o caso da beldroega, tema já anteriormente por aqui discutido anteriormente...
E por agora fico por aqui, esperando ter explicado as diferenças que afinal existem entre os Ómegas...
Até breve!






(*) "Em defesa da comida", Michael Pollan (2008)

terça-feira, 21 de julho de 2015

Hipericão do Gerês


Esta é a planta do Hipericão do Gerês. Como o nome indica, é encontrado como planta espontânea em terras do Gerês, onde a excessiva e incorreta apanha de plantas em estado selvagem tem conduzido a um decréscimo do número de exemplares da planta. Felizmente, é fácil de encontrar em vaso e fácil de cultivar. 
Usa-se especialmente em infusões mas também pode usar-se em maceração com óleo de amêndoas o que neste caso é especialmente útil no tratamento de queimaduras. 
É especialmente benéfica no que respeita a desintoxicações hepáticas. Há ainda referências a propriedades diuréticas, hépato-protetor (protetor do fígado), cicatrizante, cólicas, queimaduras. 
E excelentes propriedades "detox"! 
Colhem-se as flores e as folhas durante os meses entre Junho e Agosto. Diz-se que esta planta atinge as suas propriedades medicinais máximas no solstício de verão. Por esse motivo as pessoas mais antigas as colhem no dia 22 de Junho para salvaguardar toda a riqueza desta planta.
Além destas propriedades, é inegável a beleza das suas flores. E as borboletas gostam muito de as visitar! É uma planta que as atrai!




sexta-feira, 26 de junho de 2015

Beldroegas

Ora aqui está uma plantinha que de "daninha" passou a "rainha"... e não é para menos. Numa altura em que sabemos da importância do consumo de Ómega 3 (sim, porque Ómega 6 consumimos nós em quantidades generosas...), as beldroegas são das folhas que maior teor deste composto têm.... 
É uma das melhores fontes vegetais de vitaminas A, C e E, de flavonóides e de glutatião, todos eles excelentes antioxidantes. 
A notoriedade desta planta, em termos nutricionais, deve-se também ao teor de cálcio e de magnésio, presentes em proporções idênticas, facto que propicia a eficácia da absorção do cálcio.(*)

Crescem espontaneamente pelos campos nesta altura e se se tiver a certeza de não terem estado expostos a contaminantes (por exemplo pesticidas ou junto a zonas de tráfego), são uma excelente opção gastronómica. No passado, em que a privação de alimentos era grande, consumiam-se beldroegas pois eram saborosas e ainda por cima oferecidas abundantemente pela Mãe Natueza. Com o aumento do poder de compra, deixaram de utilizar-se. Exceção para o alentejo onde perduraram até aos dias de hoje as sopas e outras iguarias que incluem as beldroegas... 
Bom, mas para que servem? 
Uma opção é a sopa... são muito equivalentes aos espinafres, embora sem o característico "picante" que se sente quando se consomem estes... aproveitam-se as folhas e os caules mais tenros. Misturadas na sopa de nabiças, nem se notam....
Uma outra opção é a salada. Já experimentei uma vez mas confesso que ainda não estou mentalizada para esta alternativa gastronómica. Não é que tivessem sabor desagradável ou algo assim, mas ainda estou em fase de adaptação a novos sabores. Para mim as folhas na salada ainda só se cingem às da alface, rúcula e a pouco mais.... 
Mas e afinal o que vem a ser isto do ómega 3 e ómega 6? Pois bem, vai ficar para um próximo post....
Para já, bom apetite! 








(*) "Natureza - gastronomia e lazer", edições colibri

terça-feira, 16 de junho de 2015

Mirtilo

Esta é a época por excelência do mirtilo. Fruto pequenino de tamanho mas enorme em benefícios... há quem o trate como "fruto da juventude".
Existem várias referências que apontam para os seguintes benefícios (dos quais apenas transcrevo alguns...(*)):

- Poderoso Antioxidante, que permite aniquilar os radicais livres que fragilizam o nosso sistema imunitário tornando-nos mais suscetíveis de contrair doenças ... 

- Ajuda a melhorar a Visão, por ser muito Rico em Anticianina, agente associado à melhoria da Visão noturna e à redução da vista cansada...

- Melhora a Memória e a coordenação motora, sendo o mirtilo um protetor da deterioração cerebral associada à doença de Alzheimer e à proteção da memória prejudicada pelo natural processo de envelhecimento... É ainda referenciada como um excelente antídoto para a depressão...

- Reduz o colesterol, de acordo com estudos realizados nos Estados Unidos e que o apontam como mais eficaz até que determinados medicamentos utilizados para controlar o "mau colesterol"!..

- Ação anti-bacteriana,  estudos revelaram que ajuda a prevenir e a tratar infeções no aparelho urinário, quando ingerido em forma de chá ou sumo e que está indicado para o alívio de sintomas relacionados com o aparelho digestivo.
Neste caso, transcrevo um comentário que também foi novidade para mim: "Os Mirtilos têm no entanto algumas contra indicações. Devido ao alto teor em taninos não devem ser consumidos durante mais de 3 meses, nem folhas nem frutos, podendo causar irritação do estômago e intestinos, sobretudo se existirem problemas de gastrites ou úlceras."

Ou seja, vem reforçar a famosa frase de Paracelso, médico e físico do século XVI: "Todas as substâncias são venenos; não existe uma que não seja veneno. A dose certa diferencia um veneno de um remédio"...


De qualquer modo, nas doses certas é um fruto cheio de potencialidades, não muito doce, e que atualmente é fácil de encontrar à venda. Vale pelos benefícios para a saúde que lhe atribuem, vale pela experiência para o palato que sempre experimenta assim novos sabores e para a vista pois qualquer sobremesa só fica a ganhar com o requinte a que se presta este fruto quando simplesmente utilizado na decoração... 



  






(*) adaptado de http://www.feiradomirtilo.pt/mirtilo-na-saude

quarta-feira, 3 de junho de 2015

Rúcula


A rúcula é uma planta com um sabor característico, quase picante, que lembra nozes e da qual não é fácil gostar logo à primeira vez que se prova....

Há quem a refira como a "verdura" mais nutritiva que se consome atualmente... e que bastam "algumas folhas de rúcula na salada são suficientes para satisfazer as necessidades diárias em vitamina C"!(*)

Combina bem em qualquer salada de verão mas é especialmente agradável com queijo ... uma fatia de queijo (preferencialmente amanteigado) com umas folhinhas de rúcula é sinónimo de uma refrescante sandocha de verão ... :) 

Além do sabor, é uma importante aliada na saúde. Existem referências (**) que a apontam como:

-  estimulante do sistema imunológico devido aos níveis elevados de vitamina C, um antioxidante natural muito potente que ajuda o organismo a defender-se de doenças como o escorbuto, a desenvolver  resistências contra agentes infecciosos – estimulando o sistema imunitário – e a  proteger-se dos efeitos nefastos dos radicais livres.
-  importante aliada ao nível da formação proteica, nos mecanismos de coagulação e fortalecimento dos ossos por ser uma excelente fonte de vitamina K. Os níveis adequados de  vitamina K na alimentação ajudam a limitar a degeneração neuronal, com especial destaque para a doença de Alzheimer.

- antidepressiva, por ser rica em vitaminas B, essenciais para a síntese de proteínas, enzimas e células do sistema imunitário. Este grupo vitamínico está associado ao melhor funcionamento cerebral, reduzindo a depressão. É importante para a performance atlética e prevenção de doenças cardiovasculares.


Só boas razões para a consumir!






(*) Bianco in Raymond, 2007
(**) retirado de citação de Miguel Rego, nutricionista e colaborador da Plataforma de Combate à Obesidade da Direção Geral de Saúde à Sapo Saúde

terça-feira, 19 de maio de 2015

Morangos Silvestres


Até há poucos anos desconhecia esta dádiva da Natureza.... os morangos silvestres. São pequeninos em tamanho mas de um sabor que dificilmente se esquece. É que sabem realmente a morango! 
Depois de provar uma destas jóias dificilmente vai achar que os morangos comerciais sabem a morango efetivamente...
Dão-se muito bem pela zona norte do país, em locais frescos e é vulgar encontrá-los dispersos por aí.... Quando gostam do local onde são plantados, constroem um denso tapete verde e frutificam generosamente a partir do final da Primavera e até final do Verão (principalmente se tiverem rega periódica).... 
Além de fazerem um tapete verde muito bonito, têm uma outra função muito interessante: como o tapete se torna muito denso impossibilita que ervas espontâneas proliferem alegremente por locais não desejados...

Além destas vantagens, há que enumerar ainda os benefícios para a saúde.... um deles é o facto de ser muito rico em Vitamina C e ser um poderoso antioxidante!

Consome-se assim, tal qual a Natureza nos oferece, mas há referências que referem que a utilização das folhas em chás de ervas os torna mais deliciosos. Nunca experimentei. Diz-se que o chá de folhas de morangueiro é excelente para o combate de estados de ansiedade. 

Na cosmética, uma máscara facial de polpa destes moranguitos é excelente para tratar pele ressequida. A experimentar um destes dias...

.... E quase me esquecia do mais importante! Tem ainda a vantagem de ser uma fruta totalmente biológica!!! Sem necessidade de fertilizantes, herbicidas, fungicidas ou quaisquer outras coisas pouco saudáveis para o Planeta!

quinta-feira, 14 de maio de 2015

Entre Flores e Frutos


Para percebermos a Beleza da Vida temos mesmo que estar atentos.
Esta plantinha, da qual desconheço a identidade, invade todos os anos os meus vasos de orquídeas que por esta altura entram em sono de beleza para reaparecerem em Outubro.... Todos os anos, por altura de Março, arrancava estas plantinhas pois estavam a invadir um vaso que não era para elas. Mas este ano não tive oportunidade de as arrancar a tempo .... pelo que se apoderaram do espaço, em perfeita harmonia com as orquídeas (que não se importam nada com esta visitante) e eis que me presentearam com estas lindas flores.
Num momento mais descontraído lá me apercebi deste presente... muito obrigado!

Em balanço....

Pormenores....uma joaninha urbana  
Este é o espaço que escolhi para partilha das minhas aprendizagens.  Sempre me interessei muito pelos ecossistemas e interações da e na Natureza. E isso foi determinante nas opções que fiz e faço... Estou plenamente convicta que todos somos de uma riqueza extraordinária pois todos nós temos experiências e sabedoria que podem ajudar outros. Só não temos muitas vezes a possibilidade de as transmitir no momento certo e às pessoas certas.... 

Este não se trata de um blog de medicina alternativa, nem sequer de naturopatia ou qualquer outra disciplina ou ciência... é um espaço de divulgação de aspetos e conhecimentos sobre a Natureza, com os quais me cruzei ou inadvertidamente ou porque os procurei por um qualquer motivo... 

Com a evolução tecnológica tendemos a assumir que podemos estar "desconectados" da Terra e que tudo o que precisamos nos pode chegar por cabo, por wireless, embalado, pré cozinhado, pré concebido ou testado... Na verdade, a felicidade vem mesmo de pequenas coisas... e a plenitude só se atinge quando nos apercebemos da nossa ligação intrínseca à Terra e às coisas mais simples que a Natureza nos proporciona. Talvez por isso cada vez mais proliferem as quintas urbanas ou os quintais de varanda. É a natureza a reclamar a atenção que lhe devemos ... e que ela sabe que nos faz falta. É a natureza a apelar ao equilíbrio!


Estar atento, olhar o que nos rodeia, contemplar a Vida, contemplar a Natureza é ter a certeza que se tem (quase) tudo do que se precisa... é o primeiro passo para perceber que fazemos parte desta orquestra sinfónica onde nada nem ninguém foi deixado ao acaso. Todos temos uma função e existimos por uma razão qualquer... Fazemos parte de um projeto bem Maior! Somos, afinal, um grão no universo...alguém duvida disso?