Quem de nós nunca ouviu falar dos benefícios do Ómega-3 e
Ómega-6? Sabemos que são “coisas” benéficas para a saúde e aposto que
associaram imediatamente a … peixe! Melhor, a salmão ou sardinha ou qualquer
outro peixe “gordo”. Bom, mas isso é só meia verdade. Vejamos:
Primeiro que tudo, há que referir que ambos se tratam de aminoácidos, ditos "essenciais" porque não os produzimos e por isso temos que os importar... através da alimentação.
Por um lado, o Ómega-3 encontra-se no peixe mas isso porque
eles o obtêm através da alimentação a partir de plantas verdes… as algas! Mas
não são apenas as algas que os produzem… este é um aspeto comum a todas as
plantas verdes. Na verdade estes
aminoácidos ajudam as plantas a absorver a luz. É reconhecido atualmente um
papel muito importante por parte dos ácidos gordos Ómega-3 ao nível do
desenvolvimento e do processamento neurológico, ao nível da acuidade visual e
ao nível da permeabilidade das paredes celulares, metabolismo da glicose e no
alívio de inflamações. No ser humano, este constituinte encontra-se em mais
elevada concentração nos tecidos do olho e cérebro.
Por outro lado, o Ómega-6 é encontrado em grande quantidade
nas sementes, uma vez que funciona como depósito de energia, essencial para a
posterior germinação da planta.Ao nível do nosso organismo, o Ómega-6 tem uma
ação semelhante: exerce a sua função ao nível do armazenamento de gordura,
permite conferir rigidez às paredes das células, facilita a coagulação e a
resposta a inflamações.
Tomando a comparação que Michael Pollan(*) efetuou deste
dois aminoácidos pode-se imaginar os Ómega-3
como “rápidos e flexíveis” e os Ómega-6 como “pesados e lentos”.
O equilíbrio nas células entre estes dois aminoácidos é
bastante relevante e pode ser tão prejudicial a falta de Ómega-3 como o excesso
de Ómega-6. E neste facto é necessário ter ciente que a nossa alimentação se
encontra muito mais enriquecida com Ómega-6 do que com Ómega-3. Repare-se que
consumimos muito mais sementes do que folhas…e se repararmos bem, os animais de
que nos alimentamos também consomem muito mais sementes do que folhas.
A dificultar o equilíbrio há ainda que considerar que muitos dos vegetais que são mais ricos em Ómega-3 são também muito perecíveis, o que diminui o interesse comercial e por isso raramente os vemos em superfícies comerciais ou se os encontramos estão já em condições pouco apetecíveis e ... lá tornamos a trazer para casa o mesmo tipo de vegetais, limitando a dieta a uma pobre meia dúzia de opções...
Como remate final, para reforço do Ómega-3 é pois benéfico o consumo de peixe gordo mas que tenha sido alimentado com algas, o que limita a escolha a peixe no estado selvagem (é o que se encontra nas peixarias com a referência a tipo de pesca por captura).
Por outro lado, e mais recomendável ainda é reforçar o consumo de plantas de folha verde. E em especial as que maior teor de Ómega-3 apresentem, como é o caso da beldroega, tema já anteriormente por aqui discutido anteriormente...
E por agora fico por aqui, esperando ter explicado as diferenças que afinal existem entre os Ómegas...
Até breve!
(*) "Em defesa da comida", Michael Pollan (2008)